quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015


A poesia dorme 
numa rede estampada de flores amarelas
Se estica, espreguiça
feito gato
Fica lá quieta, num canto

Esquecida, 
desamparada
quem não sabe dessa sua sina
Diz que está morta
Está é a espera de um descuido
um agrado
um verso
um sonho
um punhado de afeto
Aí as palavras despertam
se esticam e saem por aí
de mãos dadas.
É o amor que acorda a poesia.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Há anos que têm jeito de década.Tudo é muito, dinâmico e veloz. Há energia em tudo. Em cada segundo, em cada avanço, em cada recuo. Há uma movência nos dizendo que isso tem nome e se chama vida. Que cada vez que não experimentamos, não partimos, não desapegamos, cada vez que apagamos as estrelas que habitam nossos olhos e atrasamos o sonho, morre um pouco de nós. Agora, do alto, você se observa nos reflexos de tantos caminhantes e tantas vielas. Você vê e aprecia. Vê e se autocensura. Vê gostando disso, odiando aquilo. Vê se descobrindo mais humana. Se vê em tudo, formando uma imagem fiel e imperfeita de si mesmo. Agora você enxerga. E enxerga porque olha de cima. Agora você entende, porque o ângulo de visão te permite. Antes rasteiro como o de uma serpente. Agora de águia. E do alto onde tudo se vê, a verdade não é mais susto, nem aflige. Os significados do mundo estão dilatados, e nem tudo, olhando de cima, é como te disseram que era. Agora você enxerga e desconstroi. Porque agora você é aguia, não serpente. E se sabe imperfeita e sábia, dona de histórias que só a você pertencem, de emoções que sabe, não podem ser terceirizadas. Agora você entende que o maior prazer da vida não é sentir-se confortável, é sentir-se vivo. E se vê colecionando decepções e narrativas de sucesso com a consciência de que já não precisa idolatrar suas forças nem silenciar os medos. Você que agora é águia. Que precisa dos vôos rasantes porque é no chão que deixa suas pegadas, mas é de cima que se vê. E é das alturas que você descobre que há vida além dos limites. Porque agora você é águia.