(imagem de autoria desconhecida)
Você levou junto meu impulso, minhas palavras. Sua falta provoca afasia. Eu, este outono laranja opaco, um tapete de folhas secas, mar de cor em tom pastel. Aproveito o sopro, vou no embalo, flutuo por alguns segundos. Doo com a queda. Álcool em cima do corte. Esparadrapo em forma de xis. Sua falta e as minhas feridas. Você levou junto os sons, os ruídos, a melodia. Sua falta provoca silêncios. Absurdos. Há uma moleza que só não paraliza porque com esforço a gente aprende a ver um pouco a frente, força a vista pra enxergar e a cabeça que é pra acreditar. Sua falta provoca dormência. Bem do fundo a voz que diz: Não assuste. A casa vazia, a rua escura, o espelho que só reflete sua imagem. Fosca. Não assuste. Esta é você sem disfarce, sem máscara, sem outro cheiro que camufle o mofo. Sua falta provoca encontros. E a queda, os abismos, os imensos buracos negros. Mas é o escuro que ainda me salva. O grito que não sai e o eco. Pra dentro. Sua falta provoca vazios.
Eu, oca...e sua falta que preenche tudo.