segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Paradoxal.

(Desconheço autor da foto)

Nós saímos para brincar de noite
queríamos segurar aquela mesma lua
que beijou-nos
enquanto dormíamos
e o calor
da nossa falta de ar enquanto corríamos
Amam-me demasiadamente
as coisas breves de profundidade
E me demoro nessas urgências
Que me aproximam de lonjuras
Meu prazer é dor
O que me liberta, me acorrenta
O que sai de mim, o que me resta
Transborda em mim a sua falta.

domingo, 18 de outubro de 2009

Acontece que o mundo é sempre grávido de imenso.

E os homens, moradores de infinitos, não têm olhos a medir.

Seus sonhos vão à frente de seus passos.

Os homens nasceram para desobedecer aos mapas e desinventar bússolas.

Sua vocação é a de desordenar paisagens.

(Mia Couto)

domingo, 4 de outubro de 2009

Eternuridade

Queria dizer do menino que deve não saber que hoje é dia de domingo e faz sol. E que domingos são de sorrisos, de doce, cocada preta e flores de dentro.
Para dentro, o menino é só e silencio. Do jeito de quem segura a dor. De quem cresceu às pressas e já esqueceu da ciranda e do bicho-cola. De quem brinca de futuro sem naves ou foguetes. De quem os olhos não ousam digirir-se para cima, nem para o lado. De vida que já conhece o sabor do sal. Do sal que escorre pelo leito do rosto miúdo.
Agora as sombras e a minha auto-insuficiência. Uma tristeza suave e demorada e eternuridade precipitada. Tanta...
Obrigado
, foi só o que disse. Bem baixinho. A palavra amor é tão pequena e frágil. Para todas as outras não há razão. É só tentativa vã de tirar essa farpa.