Ando à mercê do tempo. Se ele sabe conjugar seus verbos, então eu sento e aprecio a lentidão das coisas de fora, ainda que cá dentro, elas passem à velocidade da luz. Mas é o tempo da espera. Da poeira que aninha-se ao solo depois da chuva, da flor que perde seu perfume para ganhar sabor. São meus dias de outono. Não há perdas nem ganhos. Há o aprendizado. É tempo de espera e não há enredo. Mas eu penso que os aguardamentos as vezes cabem certinho no meio dos nossos desejos confusos. Então eu calo no fundo da alma todas as minhas urgências e me dou de presente esse estar em mim, e permaneço assim, até que toda energia (meu sol particular) retorne à morada do meu corpo. É preciso entender os sinais do tempo. E só os entende quem aprende a respeitá-lo. E quem assume os seus próprios limites. Não idolatro minhas forças nem silencio os meus medos. Mas tenho sentido meus dias muito parecidos. Até meus versos andam se parecendo demais e isso me provoca medo. Mas é ele também que me faz experimentar a contra mão, atravessar o lado de lá para sentir o vento que não sopra do lado de cá. É bom ousar. E esta sensação só é compreendida por quem descobre que o maior prazer da vida não é sentir-se confortável, é sentir-se vivo. Uma sensação de gozo infinito que faz a gente deslizar pelos dias como se fossem uma brincadeira gostosa ou um piquenique na praça. É que em mim não cabem as certezas, nem as previsões. Quem se preocupa demais com as coisas pequenas não consegue vislumbrar as grandes...Mas meu desejo é um grito silencioso que não tem pretenção de acordar aqueles que preferem o cais ao movimento das ondas.
Alguém chamaria de tédio, eu prefiro pensar que faça algum sentido, até que a espera revele algo bom, ou uma nova espera semântica.
Alguém chamaria de tédio, eu prefiro pensar que faça algum sentido, até que a espera revele algo bom, ou uma nova espera semântica.