domingo, 22 de fevereiro de 2009

Poema Onomástico

Para quem meus posts estavam muito profundos, um profundamente raso... :-)

Tem nomes que sempre são...
Todo Zé é José
Todo Chico é Francisco
Tonho é sempre Antonio
E Tião, Sebastião

Há outros que podem ser...
Suzi quem sabe, Suzana
Adri, talvez Adriana
Guto é quase Augusto
Toda Tati é quase Ana

E há aqueles que nem sempre são...
Ariel tem um pouco de Lúcifer
Anunciação as vezes se cala
Aparecida sumiu várias vezes
Ariana pode ser virgem
Margarida tem alergia a pólen.
Ágata as vezes se ofusca.
Rosário é ateísta
E Generosa, egoísta.

Aurora gosta da noite
E Domingo gosta do sábado.
Angélica é diabólica.
Constante já chegou no fim
E Amado nem é tanto assim.

Norma é uma desregrada
Branca é bronzeada.
Amador é profissional
Benigna as vezes é mal
Das Dores é muito saudável
Pilar, muito sensível
Eugênio é muito simplório
Albino tem pele morena
Flora adora animais
Bárbara nem sempre é cruel
Assim como nem toda Isa
tenha que ser Isabel

Graça não tem senso de humor
Remédios é homeopata
Vitória sofreu grandes perdas
Plácido ta sempre nervoso
Só Lindomar é mesmo maravilhoso.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Amor sem prazo de validade

E se amei tão de repente
E se a promessa
desfêz-se
quando os olhos repousaram...
Restaram as palavras
Contidas no teu silêncio...
E troquei a seiva dos olhos
Por um sorriso insistente
Que por desejo ou vocação
espelha-te
A cada vez que te ouve
em notas e acordes...
Aquieta em meus braços
E repousa agora sem pressa
Enquanto velo teu sono
Enquanto dormes eternamente
Cá dentro do meu peito.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Alinhavando

Ontem por causa dessa postagem do Fabio, lembrei de uma história que escrevi no ano de 2007 e que dedico ao meu pequeno Gianluca, meu maior fã e o grande incentivador dos meus rabiscos, que completou ontem, dia 12/02, oito anos. 

Vó Julia mora numa casa, numa casa junto com um gato. Uma casa muito bonita, com um gato muito matreiro. Um gato que adora dormir, em cima do seu travesseiro.

Enquanto borda, vó Julia espia o danado, um olho no bordado e o outro olho no gato.

Mas a vozinha cochila e o gato matreiro aproveita, dá um pulo, sobe na cama e no travesseiro se ajeita, se espreguiça, se estica, boceja e volta a dormir.

Ronca o gato no travesseiro, ronca na cadeira a vozinha. Dorme tranqüilo o gato, dorme a vozinha bordando pano de prato.

Passa o tempo, tic-tac, tic-tac sem parar. Acorda o bichano, dorme a vozinha, ronca e dorme e continua a roncar.

O novelo cai no chão, o gato começa a brincar... Puxa, rola, estica o fio e continua a esticar.

E o novelo rola, rola.... e rola cada vez mais e vai parar no jardim, essa história é bem assim: não é pra falar só de gato, nem só pra falar de vozinha, é pra pensar sobre coisas, é pra falar sobre linha.

Pois estava a linha no jardim, quando um vento forte passou e a tal linha, a do novelo, a que o gato brincava e a vozinha bordava, bem pro alto ele levou... subindo e fazendo curvas,fazendo curvas no ar, a linha se esticou e numa nuvem se transformou.

E alinhavando, a linha vai...O vento levou a nuvem passear na imensidão. Quanto mais ela andava, mais feliz ela ficava, pois aos poucos percebia que em todos os lugares estava.

E novamente veio ao chão, passou montanhas e vales, passou por casas, por caminhos, passou também por rios e pontes.

Até que observando lá longe viu outra linha interessante.

Esse mundo é muito grande! Grande, enorme, gigante...Pois não é que quando achamos que lá longe ele termina, bem ali ele começa, pois atrás daquele monte, lá onde o sol se esconde, fica a linha do horizonte! Uma linha sempre bem reta que tem um destino certo, sumir pra longe, bem longe, cada vez que chegamos perto.

E da direção do horizonte vem um trem a apitar.
_ Piuiiiii! Piuiiiiii!Vem trazendo muita gente, vem fazendo um barulhão...

E por onde anda o vagão? Olha só que descoberta! É uma linha diferente a tal linha do trem, que não serve pra costurar, é só para o trem passar.

E o trem leva as pessoas para lugares distantes, por esse mundo sem fim.


E uma coisa muito sem nexo que a linha descobriu, uma linha que não é linha porque de fato nunca existiu.
Pois é isso mesmo que eu falei, como isso pode, eu não sei. Uma linha imaginária, olha quanta imaginação! Quem seria o criador da tal linha do Equador?

Pra registrar tamanha aventura, a linha então decidiu, faria uma linha do tempo, desde o instante em que subiu.

E pra terminar a história, se não me falha a memória, tem também a linha de raciocínio, que são idéias organizadas que a cabeça da gente tem.

Então para não me perder, eu vou logo é dizer, que a vó, a do começo da história, acordou já era hora, e ao ver aquela estripulia, puxa o fio, começa de novo enrolar...
E a linha então se dá conta que depois dessa viagem, já é hora de voltar, porque sabe que é uma linha, só uma linha de bordar. E alinhavando, a linha volta...

O gato? Ah, o gato! Adivinhem onde está, qual é o seu paradeiro. Isso mesmo, adivinhou, está a dormir no travesseiro!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Estação

Fez-se verão, semeei flores, teci versos, vesti-me de alegria...
Rigor de inverno, frio que transpassa, dor que ameça, letargia
Outono...
a aragem soluça entre as ramas curvadas, o vento assovia
e a primavera tão docemente anuncia...
É tempo de cultivar sempre-vivas, lembranças eternizadas em poesia.
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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Cais

Foto: Pedro Moreira

Me incomoda o desamor,
a desordem, a descrença
Me incomoda a violência.
Me incomoda tudo isso
Mas incomoda ainda mais
Saber-me não mais meu cais.

[Porque se me perco, nada mais me incomoda]
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