domingo, 30 de novembro de 2008

A quoi ça sert l'amour

foto: Ornella Erminio

Maldito tempo
que me fez esquecer de ti.
A dor que agonizava esse peito
Agora jaz no seu leito de morte.

Esse amor que me fez assim
Uma tristeza feliz
Uma dor querida,
Uma alegria doída
Com lágrimas nos olhos
E sorriso nos lábios...

Valia mais
Do que esse meu corpo frio
que esse peito vazio
de sensações, carente
desse nada sentir insistente

E se não sinto
tenho medo
dessa inércia na minha pele.
Dessa inútil quietude
Dessa paz já sem razão.
Na contra mão da plenitude.

Minh'alma reclama por vida
Me desejo em fragmentos
pedaços de dor ou saudade
Qualquer coisa
Que ainda me faça sentir inteira.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Incerto

Se seria mais completa, se seria mais feliz, se seria melhor, se seria...Palavras ao vento...
Se desconheço as letras no verso da página, se já esqueci o começo dessa história... importa agora, o instante, vivido, sentido mesmo que sem tido. E porque viver não é preciso, sou dada a recomeços. Se te causa estranhamento esse meu ângulo de visão, é porque ele as vezes é obtuso, as certezas inespressivas. Ninguém pode medir suas perdas e colheitas. Eu também não. Se falei o que não devia é porque costumo perder palavras por aí, umas me escapam, atrevidas, impulsivas ou desnecessárias, como estas que me dirige agora. Algumas teimosas, insistem em querer guarida nessa memória já sem leitos. Para estas afixei uma placa com os dizeres "não há vaga", elas estão indo embora, as vezes pelos olhos. Outras, livres de ambições, sobrevivem desse meu impulso em dar-lhes expressão. Eis o que faço. Você desejoso de me fazer pensar e eu, requerendo apenas um lugar para armar minha rede à sombra, e descansar. Meus anjos agora dormem, dormem também meus demônios. Fale baixo, por favor. E ouça a poesia que eu fiz, agora as palavras só querem te dizer: Psiu, fica do meu lado.

sábado, 22 de novembro de 2008

Brainstorming

Aquele olhar paralizou-a por inteiro, (amor)tecendo seu coração. Puro ar-dor. Res(pirou) e morreu.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Musicalizando

És morada do verso
habitada de poesia
tão doce é tua voz
nas formas, só melodia.
Ah menina quando passas
desfilas talento e graça
pois sabes que mora em ti
cadência em dó, re mi.

Tens a beleza da flor
a leveza da pluma
e a sutileza da bruma
Tão belo é teu cantar...
Mas menina, quando passas
Não posso deixar de notar
teu corpo é pura malícia
nos acordes do teu caminhar.

Cifras, letras, harmonia
formas, corpo em simetria
Ah menina quando passas
nesse andar assim, garboso
esse compasso gostoso
são notas a rebolar.

Eu canto essa beleza
tão ingênua e delicada
E o pensamento divaga
dedilhando uma canção
nesse corpo violão.

domingo, 16 de novembro de 2008

Silêncio... ou Pensamentos Soltos

Diluiu-se em lágrimas todo nosso querer, volatizaram-se nossas vontades. E nada mais que seja dito faz sentido, embora haja um desejo que insiste em dizer do que nos fez um dia. Calemo-nos. O silêncio falará mais por nós do que essa algazarra ecoando no vácuo de nossas lembranças.
***

terça-feira, 11 de novembro de 2008

FLOR DE eLIS

Sufocada entre as plantas com mais viço ela dava os primeiros sinais de renascer. E renasceu. No vaso, morada da flor, aquele vazio desmedido cedia lugar à mágica do reencontro. Do corpo com a alma. E a flor de bananeira, aquela que você um dia definiu como de rara beleza era agora flor de (e)lis. Mutação genética? Transgenia? E você que me diz que não sou mais a mesma não sabe o quanto tem razão. Mas a essência permanece intacta. Existe uma fórmula ainda intocada, algo além do perceptível, do mutável, imagem da perfeição imperfeita que aos poucos se revela, se desnuda. O espelho interior que se desembaça mostrando o que é invisível aos olhos, visível apenas ao coração. Essência cujo amontoado de moléculas armazena memórias de tantas vivências, precedida portanto por existências. E esse exercício metafísico, esse meu esforço de pensar com clareza, desejo confuso entre questões e palavras é porque eu entendo pouco da vida, quase nada de mim. Me perco, me encontro, me desgoverno, me assumo. Insana, as vezes. Tranquilizo, eu sei que essa clareza de realidade é um risco. Clarice também sabia. "Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
A flor? Aquela cuja essência é seu perfume, sabe que os espinhos guardam sua fragrância. E que a morte é seiva que alimenta a vida. Mais nada.

sábado, 8 de novembro de 2008

Nua e crua

Levava na mala
um chinelo, botas, um par de tênis
vestido estampado pro calor
camisola estilo provoca-dor
A blusa vermelha tomara que caia
um jeans, uma minissaia
Meia duzia de peças
De resto, só seu amor.
Dormiu
Acordou
Mudou o curso
Desfez a mala
agora vazia de sonhos.
Uma mala, uma alma
E um vazio.
E como ela, mirando-se no espelho
A verdade estava ali,
nua e crua.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

...Foi quando a poesia se me revelou terapia eficaz para conformar-me ao "mundo adulto" e uma forma de permitir voz a um outro eu, que, às vezes, quer conversar comigo. (Fred Matos) Foi ele quem disse mas poderia ter sido eu...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Tempus Fugit

Era pra ser uma história,
uma crônica
um poema...
Qualquer coisa que dissesse do tempo,
tão escasso
volátil, consumido.
Não houve tempo.
E tudo ficara tão breve
limitado, resumido.
Impiedoso.
Assassino.
Matara sem dó
sem remorso, nem sentido
um poema
ainda tão jovem
morrera,
recém nascido.

sábado, 1 de novembro de 2008

F-Elis

Porque eu precisava de uma nova morada e de ficar mais uma vez (e)namorada. Quanto tempo abandonada de sensações...brisa mansa, pés descalços, poeira depois da chuva, poesia bem escrita... sentindo saudade dessa paz adentrando os poros, que de tanto tempo distante já havia esquecido o caminho de volta, desse sossego de alma, que me faz acerenar, olhar e ver, escutar e ouvir, perceber e sentir, respirar sentindo meus músculos relaxarem..

Eu esperei, ela chegou. Agora estou um dia de sábado depois da faxina. Quando arrumei minha casa de dentro encontrei a leveza. Sensação cósmica que combina com o barulho das ondas, com a risada das crianças que brincam na calçada, até com o vento minuano que assovia teimosamente na minha janela e que já fez par à minha melancolia.


Quando o sol mapeou o chão deixando-o seco e árido, dele nada mais brotou. As palavras saiam mudas, os versos sem melodia. O que havia era só um dialeto estranho, irreconhecível, indisível. No olho do furacão não havia equilíbrio, perdendo-me entre papéis e alucinações. Hoje faço da dor um poema, acalanto para um coração inquieto, canção de ninar para um corpo em lassidão. E semeio versos que germinam com o cair de algumas gotas de inspiração enquanto
confidenciam desse meu caos interno. Porque quando mudei-me de casa eles vieram morar comigo. Hoje moram em mim. Convivemos em simbiose. Nos damos vida.

E eu tive uma recaída. Amor antigo... Por mim. Talvez dure apenas até a próxima primavera. Talvez não sobreviva até lá. Pouco importa. As noites solitárias de inverno e o desafeto que por vezes nutro por mim serão novamente bem vindos. Que dure o tempo que durar, a intensidade sobrepõe-se ao tempo. Se real palpável ou real no plano das idéias. Já disseram, também penso: "Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam". Tudo que é, independente do espaço que ocupe, existe. Descobri que amo assim. E o amor, de qualquer forma me faz viva. Me faz F-Elis.(Em homenagem à Fá e à Mimi)

Saudade...

E era só mais uma saudade...
Já não mais doía
Já nem tão inconveniente,
Daquelas que o pensamento busca,
A boca sorri,
O coração sente
E a memória guarda...
Para sempre.